terça-feira, 14 de agosto de 2012

Senta no divã

As crises para quem está na expectativa de engravidar são mensais. De forma muito "surpreendente" coincidem com o ciclo menstrual, quando a menstruação chega (ou um pouco antes dela). Não foi diferente este mês.

Mas ultimamente as crises têm ficado diferentes. Não sei o que mudou, talvez tenha sido a divulgação desse blog. Re-conheci algumas queridas que estão passando por algo parecido comigo. Cá e Aline são felizes surpresas que tive através deste blog. Meninas, estou orando e torcendo por vocês!

Ando tendo uns sonhos estranhos... Freud explica!

E, sinceramente, acho que o blog me fez mais bem que mal. Mal? Sim, acho que fez mal também. Me senti mais frágil, vulnerável... Alguns amigos não entenderam direito. Cheios de dicas de como relaxar, como esperar, etc e tal.

Gente, esse é um espaço só para desabafar. E encontrar pessoas que passam ou passaram pela mesma coisa. E ponto.

Hoje li um artigo bem legal no site do Babycenter sobre dicas de psicólogos para lidar com as dificuldades da infertilidade. #ficaadica: http://brasil.babycenter.com/preconception/dificuldades/dicas-psicologos/

É ou não o que sentimos? As vezes é muito difícil ir num chá-de-bebê... Reconhecer e perceber os limites é muito importante nesse momento. Não estou fazendo terapia, mas gostaria. No entanto a reflexão é intensa aqui dentro e está trazendo importantes questionamentos.

E neste momento quero sossego, respeitar meus limites. As crianças da minha vida (sobrinhos, filhos de amigos) me fazem um bem danado, e hoje elas são suficientes para mim. Me sentir amada e querida por elas é bênção de Deus.

Adotei meus sobrinhos. Adotei também a Bia, o Davi e o João (com todo o respeito e licença Mari e Chirley), mas eles já  moram no meu coração e alegram os meus dias.

Ser mãe assim já é começar a ser mãe, é ou não é?




A feminilidade

Estou super feliz por este espaço estar ajudando algumas amigas a se abrir comigo. Tem sido tão bom... Como isso de saber do problema do outro ajuda, né? É impressionante! Por que não fazemos isso mais vezes?

Uma amiga escreveu falando de como a sua atual incapacidade de gerar um filho mexe com a sua feminilidade. Concordo com ela. Isso mexe tanto com a gente, mexe com a nossa identidade!

De alguma forma, cultural, educacional, criacional, ou até de identidade mesmo (pois desde que o mundo é mundo nós, mulheres, geramos filhos), engravidar está intimamente ligada ao nosso papel, à nossa função, à nossa "utilidade", à nossa vocação. Engraçado e trágico muitas vezes.

E se uma mulher não tiver filhos nunca? Ou porque não casou, ou porque não achou a pessoa certa para tal, ou porque não quis, ou porque não pode? Será ela menos mulher que outra que teve vários?

A resposta é clara, embora não pareça ser assim que agimos. Mas então porque nos sentimos tão débeis, tão debilitadas se não conseguimos gerar uma vida em nosso útero?

Ser mulher passa por isso, é fato. Mas não é para todas, por desejo ou impossibilidade mesmo. E digo mais, ser mulher não é só isso. Gerar vida no útero não é uma "cláusula pétrea" do ser mulher.

E enquanto não engravidamos (sim, pois ainda há esperança, para todas), e caso isso não aconteça para algumas de nós, o que podemos fazer para não nos sentirmos menos femininas, menos mulheres?

Ser mulher é também trazer delicadeza para o mundo, em todas as suas esferas. Ser mulher é ser forte e frágil ao mesmo tempo. É ser dramática, é ser um poço de hormônios, é dar carinho e é gritar. Ser mulher é ser uma em muitas, é ser muitas mulheres numa única.

As mulheres mais femininas para mim não são as que tiveram filhos, são as que se encontraram na vida, as mais autênticas, as mais legítimas, as que não têm medo de assumir fraquezas, limitações, medos e angústias. Mulheres, mulheres...

Sou feliz por ser mulher.